O homem da cartola e óculos escuros atacou com força total na noite desta quarta-feira (1), em São Paulo, num show com som altíssimo, toneladas de hard rock clássico e fez a festa dos fãs que enfrentaram a chuva para chegar ao local.
Slash, pelos relatos da imprensa, não lotou sua apresentação em Belo Horizonte, no dia 29, e parecia que também não esgotaria os ingressos na capital paulista. Mas quem apostou nisso errou feio, porque o Espaço Unimed, na Barra Funda, estava lotado até a tampa, com muitos cabeludos com camisetas do Guns N’Roses.
E a primeira conclusão a que se chega é que o show de Slash — que faz esta turnê solo enquanto o Guns está de férias — junto com Myles Kennedy and the Conspirators foi bem mais legal e divertido do que a última apresentação que sua outra banda fez em São Paulo no fim de 2022. E o guitarrista dá a impressão de também se divertir bastante. Não que também não seja feliz ao lado de Axl e cia., mas aqui ele parece mais solto, bem mais leve.
Antes do show começar toca a música tema do filme O Enigma de Outro Mundo (The Thing), de 1982. Já criando um climão. A banda entra no palco — sem vídeos ou pirotecnias — e inicia a apresentação com The River Is Rising, do álbum 4, lançado por Slash em 2022. Muita gente canta junto, o que deixa claro que há fãs do guitarrista ali, não só necessariamente do Guns. Com um som muito alto — quase ensurdecedor — os músicos dão o tom do que viria pela frente. O show parece muito com o Guns N’Roses do começo, quando tocava em bares pequenos em Los Angeles e com som em altíssimo volume.
A banda faz um passeio pela discografia solo do guitarrista com músicas como Driving Rain, Halo, Apocalyptc Love e com Slash trocando de guitarras constantemente. Usou cinco instrumentos diferentes ao longo do show. Os fãs foram ficando cada vez mais empolgados e prestavam muita atenção nos passos do Gunner sobre o palco que enfileirou solo atrás de solo pra ninguém reclamar. Ao final de Back From Cali, do disco solo de Slash (de 2010), foi todo mundo ovacionado.
Myles Kennedy e os Conspirators também brilharam no show, mostrando bastante energia e — obviamente — alguns clichês do hard rock, especialmente com o baixista Todd Kerns, que é a incorporação do músico deste gênero. O típico roqueiro de Los Angeles. Myles e seus companheiros mandam bem, mas deixam claro que o show é do Slash. Assim, abrem espaço para ele, que corresponde tocando incrivelmente bem, cheio de técnica, garra e carisma. Apesar de não ter falado uma palavra com o público até quase o fim da apresentação. Nem precisava mesmo.
Um dos destaques da noite foi Always on the Run, canção lançada por Lenny Kravitz e que foi composta em parceria com Slash. Cantada por Todd Kerns, a música foi muito bem recebida pelos fãs. Outra surpresa, também com Kerns nos vocais, foi Don’t Damn Me, do Guns N’Roses e que é uma das quatro canções de seu repertório jamais tocadas ao vivo. Um presentinho bacana para o público.
Veio a baladona Starlight, com luzes dos celulares acesas, e, na sequência foi a vez de Wicked Stone. Neste momento, Slash foi para o lado esquerdo do palco e, muito próximo dos fãs, fez um solo de uns 10 minutos. Muitas vezes esse tipo de coisa pode ser chata para quem assiste, mas o guitarrista fez com que se tornasse um momento mágico. Com todo mundo olhando meio embasbacado.
Em World on Fire, a última antes do bis, Slash falou pela primeira vez. Mandou um “obrigado” e disse que a noite foi demais. A banda volta para o bis e manda um Rocket Man, clássico insuperável de Elton John, com o gunner tocando uma guitarra havaiana — que fica sobre uma mesa — sensacional. Um grande momento da apresentação.
A brincadeira acaba com Anastasia, uma vez mais com Slash esmerilhando sua guitarra e deixando seus fãs pra lá de satisfeitos. Antes de começar a música, o guitarrista diz “vocês são incríveis”.
Foi um baita show, pesado e energético que fez todo mundo cantar junto. Depois desta apresentação, fica evidente que o guitarrista precisa de ainda mais espaço no próximo disco que o Guns N’Roses diz estar gravando.
Guitarra boa nunca é demais.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.