O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a afirmar que o mundo gasta cerca de US$ 2,2 trilhões por ano em armamentos, enquanto guerras provocam “destruição, sofrimento e mortes de inocentes”. A declaração foi dada em artigo escrito para o jornal espanhol El País. Nesta quarta-feira (6), o chefe do Executivo brasileiro se reúne com o presidente da Espanha, Pedro Sánchez.
“Em um mundo que gasta US$ 2,2 trilhões por ano em armamentos, a paz continua sendo privilégio de alguns, enquanto guerras provocam destruição, sofrimento e mortes de inocentes. Em um mundo que produz riquezas da ordem de 105 trilhões de dólares por ano, mais de 735 milhões de pessoas seguem não tendo o que comer”, disse Lula.
O presidente conta que, nas últimas décadas, um modelo econômico excludente concentrou a renda e ampliou as disparidades. “A desigualdade tornou-se terreno fértil para o extremismo”, avalia. Para Lula, quando a democracia falha em garantir o bem-estar do povo, figuras que “vendem soluções simplistas para problemas complexos” aparecem, “semeando a desconfiança no processo eleitoral e nas instituições políticas”.
“Enfrentamos um preocupante aumento da extrema-direita e de suas tradicionais ferramentas de desagregação social: o autoritarismo, a violência, a precarização do trabalho, o negacionismo climático, o discurso de ódio, a xenofobia, o racismo e a misoginia. Nossas sociedades, felizmente, apostaram em governos que acreditam que a chave para responder aos ataques à democracia é melhorar a vida das pessoas”, argumenta.
No artigo, Lula cita a proposta de Aliança Global de Combate à Fome e à Pobreza, no âmbito da presidência brasileira do G20, grupo que reúne as principais economias do mundo. Na sequência, defende a criação de um imposto global sobre bilionários e iniciativas para garantir o trabalho decente. O petista fala, ainda, sobre a relação Brasil-Espanha.
“Poucas vezes na história o apoio entre forças progressistas mundiais, como a parceria que temos com a Espanha, se fez tão necessário e urgente quanto agora. É nossa responsabilidade trabalhar juntos para que a indiferença não prevaleça sobre o humanismo e para que as injustiças que se espalham dentro dos países e entre eles deem lugar à solidariedade e à cooperação”, defende Lula.
Acordo Mercosul-União Europeia
Lula recebe nesta quarta-feira (6) o presidente da Espanha, Pedro Sánchez, em uma visita oficial no Palácio do Planalto, em Brasília. Eles vão tratar da relação bilateral, das guerras na Faixa de Gaza e na Ucrânia e da reforma da governança de instituições multilaterais, além do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. O encontro vai ocorrer a partir das 10h30.
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“Na ocasião, os dois mandatários passarão em revista o estado do relacionamento bilateral e trocarão avaliações sobre temas relevantes da conjuntura regional e global, tais como a crise no Oriente Médio, em particular a grave situação humanitária em Gaza e as perspectivas de avanço de uma solução de dois Estados; o conflito na Ucrânia; as negociações do acordo Mercosul-União Europeia; e a reforma das instituições de governança global”, diz o Itamaraty.