Os fãs de música instrumental terão uma oportunidade única nesta semana. Pela primeira vez na carreira, o Russian Circles vem ao Brasil para um show que tem tudo para ser histórico — afinal de contas, a banda é conhecida por suas performances intensas ao vivo, substituindo a força dos vocais pela potência de guitarras distorcidas.
São elas, aliás, a base da sonoridade do grupo formado atualmente por Mike Sullivan, Dave Turncrantz e Brian Cook, este último conhecido também por trabalhos com bandas como Botch e These Arms Are Snakes. Em entrevista ao TMDQA!, o próprio Brian deixou claro que isso nunca irá mudar e destacou a importância deste fator em manter a atmosfera criada pelo grupo, que gira em torno de “tensão, suspense e melancolia”.
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Para esse show, que acontece no próximo dia 3 de Abril (quarta-feira) no Cine Joia, em São Paulo, a banda traz a turnê do oitavo disco da carreira, Gnosis (2022), e os últimos ingressos estão à venda aqui a partir de R$190.
Logo abaixo, você pode conferir o papo completo do TMDQA! com Brian Cook, que contou mais detalhes sobre as experiências da banda pelo mundo e ainda explicou como se mantém conectado com as novidades da música.
TMDQA! Entrevista Russian Circles
TMDQA!: Olá! Obrigado por tirar um tempo para responder essas perguntas. Primeiramente, queria falar sobre a turnê, que vai marcar a estreia da banda em vários países da América Latina. Tem algum lugar que vocês sempre quiseram tocar e ainda não tiveram a chance?
Brian Cook: Estamos muito empolgados para essa turnê. Nós já tivemos o privilégio de tocar no México… que foi incrível. Mas Brasil, Argentina, Chile e Colômbia são todos novos destinos de turnê para nós e estamos esperando essa oportunidade por um bom tempo. Amamos tocar em novas cidades, mas não há muitos lugares no planeta em que ainda não estivemos e que podemos esperar ter shows minimamente decentes, então essa turnê tem sido parte da nossa bucket list por um bom tempo!
TMDQA!: Por ser uma banda instrumental, idiomas e letras não são uma grande barreira para as pessoas curtirem o que vocês fazem. Vocês acham que há alguma diferença na forma como pessoas de diferentes países engajam com a música de vocês? Acham que essas diferenças permitem que a banda tenha mais liberdade criativa?
Brian: Acho que ser uma banda instrumental tem sido um grande fator para o nosso sucesso. Não apenas isso ajuda a driblar a barreira do idioma, mas acho também que a ausência de vocais significa que as pessoas não estão distraídas ou dissuadidas por uma abordagem vocal em particular.
Nós pegamos várias coisas do Heavy Metal, mas acho que há muita gente que não consegue curtir Metal por causa do estilo de vocal. As pessoas prestam mais atenção para a música em si do que para a estética da banda, e isso permite que as pessoas engajem mais ativamente com a ressonância emocional das nossas músicas. E acho que isso significa que plateias em lugares tão diferentes como Japão e Rússia e México engajam com a nossa música de uma maneira similar.
Eu definitivamente acho que ser uma banda instrumental permite que tenhamos flexibilidade para alternar entre diferentes emoções e timbres de uma forma que seria difícil se tivéssemos um vocalista.
TMDQA!: Cada um dos discos da banda tem uma identidade particular, mas ao mesmo tempo mantém a coesão sonora única da banda. Há um elemento consciente no seu trabalho que você tenta levar pra cada álbum?
Brian: Acho que não. Não queremos fazer grandes mudanças de maneiras dramáticas. Tipo, não deixamos as baterias e guitarras de lado por laptops e teclados em nenhum momento. Nós curtimos os componentes básicos e as ferramentas da nossa banda e esperamos continuar explorando as capacidades desses recursos limitados.
Acho que continuamos crescendo e evoluindo, tanto como músicos quanto como ouvintes de música, mas não posso imaginar que iríamos jamais querer deliberadamente desviar e ir para um novo estilo musical completamente. Sempre vamos gostar das guitarras distorcidas e da sensação de tensão, suspense e melancolia na nossa música.
TMDQA!: Como vocês abordam novas bandas e novos estilos musicais? Vocês se mantêm ligados a novas modas, novos artistas?
Brian: Eu tento encontrar um bom equilíbrio entre curtir favoritos das antigas, explorar novos artistas e contemporâneos, e desenvolver uma apreciação por álbuns e artistas do passado. Ouço muita coisa do Metal underground atual e particularmente tenho curtido muito o revival do OSDM [Old School Death Metal] moderno,
Eu também gosto do fato de que há uma nova colheita de bandas de Hardcore que se apoia mais na sujeira, mais no lado cru do estilo ao invés de seguir o que tantas bandas fizeram nos anos 2000 e 2010 em uma tentativa de deixar cada vez mais polido. Eu costumava ouvir muita coisa contemporânea de Noise e Indie Rock, mas não tenho encontrado muitas coisas nesse mundo para me conectar por agora.
Mas eu também passo muito tempo explorando músicas do passado, então mesmo que não seja necessariamente “novo” no sentido de ser atual e moderno, é novo pra mim, pelo menos. E eu realmente gosto desse aspecto de descoberta porque se as pessoas ainda estão falando sobre um álbum 5, 10, 20 ou 40 anos depois, provavelmente é incrível pra caramba.
A música boa deve ter uma vida maior do que a música Pop média, então eu gosto de procurar os artistas esquisitos de nicho do passado que ainda têm seus fãs apaixonados.
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